terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Criatividade nas nossas escolas

Celso Deucher
(celsodeucher@hotmail.com)


Ser professor não é serviço para qualquer um. Ser aluno também não é fácil. Mas quando ambos estão motivados, as coisas acontecem e não raras vezes sai trabalhos espetaculares. Muita gente reclama que a educação está um caos, que os professores ganham mal (e é verdade), que os alunos estão desmotivados, que as escolas não tem uma estrutura adequada, etc, etc, e etc. Estamos na era da reclamação... Geralmente, muitas delas são para fugir as responsabilidades, ter uma desculpa para respaldar a falta de ações dentro de um educandário. E na área de educação existe muito professor, diretor, orientador e outros “cargos de confiança” que não estão nem ai para os alunos. Ainda bem que estes são as malfadadas exceções. Na maioria dos casos o “povo da educação” é dedicado e só não faz mais, por que não é possível.
De outra parte, tem muito aluno ruim, péssimo, que não quer nada com nada. os pais não conseguem educá-lo em casa e simplesmente “largam” na escola para se livrar da obrigação. Também estes são exceção e geralmente vão ser aqueles que estarão sempre por baixo dos pés dos outros pelo resto da vida. Raramente se darão bem. A maioria dos alunos, no entanto, vai a escola por que quer um dia “ser alguém na vida” e sabe que para ser este alguém, tem que estudar.
Portanto os alunos e professores dedicados são a esmagadora maioria e só não fazem mais dentro das nossas escolas por que não é possível.
Prova disto é que tem muito trabalho bom sendo feito nos nossos educandários. Infelizmente a comunidade não toma conhecimento disso. Acho até que deveríamos ter em cada colégio da cidade um cargo para Assessor de Comunicação. Seria aquela pessoa com capacidade de comunicação escrita e falada que faria a ponte entre a produção intelectual e prática dos alunos e professores, a imprensa e a comunidade. Afinal, essa gente é a própria representação da comunidade. O que falta é divulgar o que vem sendo feito.
Por que estou falando tudo isso?  Para dizer que salvo raríssimas exceções os trabalhos escolares vão além dos muros dos colégios. E isso precisa mudar. Um grande exemplo vimos na segunda feira passada, dia 29, no colégio Feliciano Pires. Neste dia o auditório encheu-se de alunos para assistir a 18 clips produzidos pelos próprios estudantes. Algo inusitado aconteceu na noite, pois os pessimistas achavam que ninguém viria para o colégio para assistir apresentação de trabalhos de colégio. Para estes pessimistas isto é uma tarefa prá lá de chata, pura perda de tempo. Novamente os pessimistas foram derrotados e a grande sala ficou lotadíssima e com uma platéia vibrante.
O Colégio Feliciano Pires foi criado pelo decreto nº 1200, de 11 de fevereiro de 1919 e sua inauguração de fato só ocorreu em 1° de setembro daquele ano. Segundo os registros históricos deste educandário, em 1919 esse “grupo escolar” contava com 217 alunos matriculados, cuja freqüência média total atingiu 171 alunos de 1ª a 4ª classe. As classes eram formadas no máximo de 21 alunos, sendo que até 1934 todas eram separadas por sexo. Em 1935 somente a 4ª classe passou a ser mista.
O Grupo Escolar transformou-se em “Escola Básica” em 12 de fevereiro de 1971 pelo decreto n° 10.495, passando a Colégio Estadual em 30 de março de 1980, através da portaria  E/1.490, surgindo assim o primeiro Colégio Estadual de Brusque.
Atualmente a escola é uma das mais freqüentadas da cidade e acolhe estudantes de todos os quadrantes do Município. Com uma competente equipe de professores e orientadores, capitaneados pela diretora geral Yone Hassmann, o Feliciano Pires continua mais viv0o do que nunca e a prova maior são as centenas de atividades escolares que ali se desenvolvem os grupos de estudantes formandos que anualmente entram no mercado de trabalho.

Projeto
“Clip na Escola”

O evento, promovido pelo Colégio Feliciano Pires, que já nos referimos acima chama-se “Clip na Escola”. Não é uma iniciativa inédita, pois boa parte dos professores do segundo grau já vem tentando desenvolver estas novas tecnologias aliadas a educação. Mas nem sempre obtém sucesso. O ineditismo do projeto desenvolvido neste colégio ficou por conta da qualidade das produções apresentadas. Foi um verdadeiro Show às apresentações escolhidas.
O projeto foi desenvolvido pela professora Michele Reitz, que ministra aulas de Inglês e as atividades de produção foram desenvolvidas durante o 3º e 4º bimestre letivo. Ao todo foram 28 clips inscritos e para participar da mostra, na noite de apresentação e concurso, com direito a troféu e tudo mais, foram classificados 18. A atividade teve como público alvo o ensino médio noturno e praticamente todas as séries participaram, direta e indiretamente.
A professora Michele Reitz, propôs aos alunos esta atividade que teve como objetivo produzir um clip musical, utilizando uma música em Inglês. Para tanto foram colocados alguns critérios avaliativos, como dublagem e coreografia, interpretação, tradução e legenda, além da criatividade, essencial para este tipo de trabalho. Na noite do dia 29 durante a mostra, foram premiados em especial os três melhores clips. Em terceiro lugar ficou o grupo que apresentou um clip com a música “



De acordo com a professora Michele Reitz, o objetivo geral era os alunos produzirem um clipe utilizando uma música da Língua Inglês. “especificamente queríamos desenvolver as quatro habilidades da Língua Inglesa (Listening, Reading, Writing and Speaking) através de atividades elaboradas com as letras das músicas escolhidas pelos educandos. Também queríamos ensinar inglês aos alunos de maneira diferenciada e prazerosa e, ao mesmo tempo, levá-los a aprender com eles mesmo e, consequentemente, crescer profissional e pessoalmente. Priorizei as questões que levassem eles a ampliar o conhecimento da Língua Inglesa (vocabulário, gramática, expressões...) através da música, já considerando que este gênero se encontra bem próximo do adolescente e assim é mais fácil adquirir novos conhecimentos”, diz a professora.
Os alunos produziram atividades em sala de aula, utilizando as letras das músicas escolhidas para a produção dos clips. Além disso desenvolveram habilidades em informática, utilizando os programas como: Power Point, Movie Maker, Word, Internet, etc, para poderem finalizar suas produções. Mas muito além disso, o projeto fez com os que alunos aprendessem a desenvolver todo o plano de trabalho para o projeto em equipes de até oito alunos.
Sem dúvida todos os participantes, e em especial, os vencedores merecem os mais calorosos aplausos. Esperamos que tal evento se repita.

Um comentário:

  1. Ilustre Celso, muito bacana seu blog!
    Eu gostaria de dar uma pequena contribuição:
    Quem não teve a experência em algum momento da vida de perceber que a imprensa, seja escrita,falada ou televisiva omite fatos,distorce circunstâncias e produz opiniões nas massas (que somos nós) a bel prazer? É preciso ler muito e ter o interesse de tornar-se uma pessoa verdadeiramente dona de sua vida, para buscar a realidade que o cerca. Eu encontrei num sebo um livro fantástico, que tenho tido a atitude de divulgá-lo para quem quer saber o outro lado da história:
    1964 - A CONQUISTA DO ESTADO, de René Armand Dreifuss, um cientista político uruguaio que até 1981 trabalhava na Universidade de Minas Gerais. Esta obra é um verdadeiro tesouro - só trabalha com fatos e documentos históricos e personagens reais, da história brasileira. Sinceramente, os arquivos da ditadura não chegarão aos nossos olhos, então: como saber o que foi a ditadura brasileira? décadas da mais absurda realidade humana em um país gigante e riquíssimo. Quem ganhou com isto? Quem perdeu? onde estão estes personagens hoje, e as associações articuladas na linha do poder? Não há arrependimento para ninguém que leia esta obra, seja pelo valor inquestionável de sua historiografia, seja pela abordagem limpa e imparcial de um profissional qualificado e competente.
    (1964 - A CONQUISTA DO ESTADO, AÇÃO POLÍTICA,PODER E GOLPE DE CLASSE, Ed. Vozes,815pgs.)
    de René Armand Dreifuss. Título original em inglês:
    STATE,CLASS AND ORGANIC ELITE: THE FORMATION OF AN ENTERPRENEURIAL ORDER IN BRAZIL (1961/1965), foi resultado de uma pesquisa entre 1976/1980 para a sua tese de doutorado em Glasgow.

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