terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os 149 anos da família Deucher no Brasil

Ramo dos Deucher de Bom Retiro, SC: Família de Dorvalino (Vinuca) Deucher cujos descendentes hoje residem em Brusque
Ramo dos Deucher em Brusque SC: Adolfo e Emilia Deucher com os filhos. Da esquerda para a direita, Orlando, Arnaldo, Lindolfo, Valinga, Walquiria, Renate e Gertrudes.
Por Celso Deucher
(celsodeucher@hotmail.com)

No dia 4 de setembro de 2010 a família Deucher de Brusque e Bom Retiro rememoram uma data muito especial, pois nesta data embarcava na Alemanha, com destino ao Brasil, a única família com este sobrenome a imigrar para a América Portuguesa. 
Natural de Vaitshoim, o casal de evangélicos luteranos Johann Deucher com 34 anos, sua esposa Christina Margaretha Von Rüpp com 36 anos, e seus filhos Elisabetha com 9 anos, Heinrich com 8, Wilhelmine com 5 e Johann Christian com 2 anos, chegaram ao porto do Rio de Janeiro em 18 de novembro. Foram 75 longos dias de viagem a bordo do navio belga “Hermine” capitaniado por “H. O. Smidt”.
Do Rio de Janeiro foram enviados para Santa Catarina, tendo como destino, a Colônia de Theresópolis, onde Johann recebeu seu título provisório de terras, datado em 2 de Janeiro de 1868, sendo de 200 mil braças quadradas, sob o n.º 35, localizado na margem direita do Rio Cubatão. Posteriormente, a família fixou-se na Colônia Militar Santa Theresa.
Com o passar dos anos, Johann Deucher fixou em Bom Retiro, onde adquiriu terras, que anteriormente eram de propriedade do Alferes Antônio Marquês de Arzão. Foi nesta propriedade que ele e sua esposa Christina tiveram mais dois filhos, Marichen e Eduard.
Os filhos, Johann Christian e Elisabetha não se casaram e faleceram, pelo que se sabe, residindo com os pais. Já o filho Heinrich casou-se com a descendente de franceses Maria Lemunie Le Monjeu e tiveram cinco filhos. A filha Wilhelmine casou-se com Friedrich Böell e o casal não teve filhos. Marichen casou-se com outro membro da família Böell, Cristian e o casal teve nove filhos. Eduard Deucher casou-se com Carolina Rudolff  e o casal teve seis filhos legítimos e dois adotivos, um casal de índios xoglengs capturados na mata e que foram rebatizados com os nomes de Samuel Lucas Jacinto Deucher (Nêlo) e Carolina Deucher (Luca Moa).
O patriarca dos Deucher no Brasil foi motivo de pesquisa do historiador Dário Lins, que fez um resgate histórico da cultura e da religiosidade dos Imigrantes Alemães que entre os séculos XIX e XX   formaram na localidade de Entrada, em Bom Retiro, onde foi fundada uma das primeiras Igrejas Adventistas do Sétimo Dia no Brasil. Segundo este pesquisador, “Johann foi um homem de elevada cultura, homeopata e mestre em artesanato, trabalhou nas obras de acabamento em madeira em várias construções à Rua Conselheiro Mafra e no Palácio Cruz e Souza em Florianópolis”.
Johann Deucher trabalhou também no Ministério Público de Santa Catarina atuando em campanhas eleitorais. “Nos idos de 1900, já em idade avançada, Johann Deucher recebeu a visita do Colportor August Brack, de quem comprou alguns livros e estudou diligentemente, então aceitou a mensagem Adventista, tornando-se o primeiro Adventista de Bom Retiro. A todos transmitiu a mensagem enviada dos Céus. Teve a felicidade de ver alguns filhos e netos descerem as águas batismais, ao passo que teve que suportar em seu velho e calejado coração a renúncia por parte de alguns”, assinala o pesquisador.
Johann foi um homem extraordinário, sua casa foi igreja e escola, dedicou grande parte da sua vida a igreja e ao sacerdócio da pedagogia. Já no fim de sua vida “pôde olhar para o passado, relembrar sua infância na Alemanha, sua viagem para o Brasil, lembrar dos desafios que enfrentou na nova terra, mata virgem, índios, a árdua tarefa de sobreviver com a família em uma terra inexplorada”. Faleceu em Bom retiro aos 88 anos no dia 12 de agosto de 1915. Foi sepultado no cemitério por ele fundado, numa lousa por ele preparada.

Família Deucher em Brusque

No final da década de 1910, um dos netos de Johann, Eduardo Deucher, juntamente com sua esposa Gertrudes e seis dos oito filhos (Alberto, Paulo, Adolfo, Amanda, Amália e Elza) mudaram-se para Brusque e passaram a residir no bairro Zantão. A filha Oldina e uma outra filha continuaram residindo em Bom Retiro. Em Brusque os filhos cresceram e se casaram.
Alberto Deucher casou-se com Ulda e teve seis filhos que continuam residindo atualmente no Zantão; Paulo Deucher casou-se com Ana, mudou-se para a Guabiruba e teve cinco filhos, que pelo que sabemos residem em Brusque. Amanda Deucher casou-se com Odecker Rosin, mudou-se para a Rua 1º de Maio e o casal teve quatro filhos. Amália Deucher casou-se com um membro da família Heil e não temos informações sobre quantos filhos tiveram. Elza Deucher casou-se com Augusto Popper, passou a residir na Varginha e teve seis filhos.
Adolfo Deucher, um dos mais velhos dos filhos homens do casal Eduardo e Gertrudes casou-se com Emília Bruns e teve sete filhos: Orlando, Arnaldo, Lindolfo, Walquiria, Gertrudes, Valinga e Renate. Tão logo se casou passou a residir no bairro Santa Rita, mais precisamente na rua Sete de Setembro. Mais tarde mudou-se em definitivo para o Mont Serrat, onde ele reside até os dias atuais.
Adolfo Deucher é o único filho vivo da prole de Eduardo. Com seus 96 anos de vida, bem vivida, ainda esbanja saúde e apesar de pouco ouvir, interessa-se pela história da família. Profissionalmente foi tecelão na fábrica Renaux, Carroceiro e destacado Ceramista. Logo que se mudou para o Mont Serrat, construiu e manteve por muitos anos uma cerâmica e também um engenho de farinha. Foi neste ramo que criou toda a família. Mantendo a tradição deixada pelo precursor, Johann Deucher, Adolfo é Adventista do Sétimo Dia e orgulha-se muito disso. Os seus irmãos que também residiram em Brusque, e cujos descendentes continuam aqui, em sua maioria são Luteranos.
Os filhos de Adolfo e Emilia casaram-se todos com gente brusquense e grande parte também vive ainda hoje no município. O filho Orlando Deucher casou-se com Juraci Fuckner, teve três filhos e reside em Gravataí, RS. O filho Arnaldo Deucher (residente no bairro Bateas) casou-se com Maurina Borba e tem cinco filhos. O filho Lindolfo Deucher (Residente no bairro Santa Rita) casou-se com Liamar Lana e tem duas filhas. A filha Valinga Deucher (residente no bairro Guarani) casou-se com Emanuel Bittencourt e tem três filhos. A filha Walquiria (residente no Mont Serrat) casou-se com Valdir Klann e tem cinco filhos (dois deles adotivos). A filha Renate Deucher (já falecida, e que residia em Luiz Alves), casou-se com Valério Oneda e teve cinco filhos. A filha Gertrudes é solteira e reside com o pai no Mont Serrat. Tem uma filha, já casada, que reside em Governador Valadares, RJ.
Mas não foi apenas a família de Eduardo e Getrudes que transmigrou para Brusque. Bem mais tarde, na década de 1980, outra família Deucher, também vinda de Bom Retiro se aquerenciou nas terras de Schneeburg. São os descendentes de um bisneto de Johann e Christina, Doralino Deucher. Casado com Alzira Alves da Silva, com quem teve nove filhos, Celso, Serli, Sérgio, Gilmar, Gilberto, Sirlene,  Saulo, Cristina e Paulo, Doralino Deucher foi agricultor e jardineiro durante muitos anos. Faleceu faz quatro anos e deixou em Brusque, a esposa e seus nove filhos, todos já com descendentes na cidade e residentes nos bairros São Luiz, Bateas, Azambuja e Zantão e caçula, casado com uma suéca e residente naquele país.
Ao longo do tempo surgiram variantes do sobrenome Deucher por erros de cartório, como os Teucher e os Ducher, alguns residentes em Brusque.  Mas, de acordo com nossas pesquisas são tão descendentes de Johann e Christina, quanto os demais.
Em Brusque pelas nossas pesquisas o número de descendentes desta família é de cerca de 400 pessoas. Em toda a América Portuguesa, estima-se que  existam mais de cinco mil descendentes.

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