terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Saulo Adami: “Não escrevo sobre o que não acredito”

Celso Deucher
(celsodeucher@hotmail.com)

Não poderia haver melhor lugar para o escritor Saulo Adami lançar o 50º. livro de sua carreira do que a 2ª. Feira do Livro de Brusque, que abre no próximo dia 26, e se estende até dia 31, na Praça Sesquicentenário. O romance Kuranda será autografado por Adami na abertura do evento, dia 26, às 19 horas, no estande da S&T Editores, empresa que ele mantém com sua esposa, a fotógrafa Tina Rosa, autora das imagens que ilustram a obra.
Segundo seu autor, Kuranda “é o instrumento de Deus vivo na Terra, ele vive para fazer o bem. Não gera filhos para a vida terrena, mas os elege e os herda com os poderes e os conhecimen-tos vindos de Deus, através da eternidade. Não tem endereço ou posses, não cria raízes por onde passa. Semeia esperança, mas nem sempre colhe gratidão. Extrai os elementos de cura do ar, das plantas, da terra, da água e do fogo, e com tais elementos cura o corpo e salva o espírito”.
Nascido em Brusque em 21 de fevereiro de 1965, Saulo Adami vive com a esposa Tina Rosa e seus cães na Estância São Francisco de Assis, no Sternthal, em Guabiruba. Membro da Academia de Letras Balneário Camboriú (cadeira 30, tendo como patrono Jorge Amado), é autor de outros 49 livros de poesia, conto, crônica, novela, romance, história, cinema e biografia, incluindo: Nosso Pequeno Grande Mundo (1983), O único humano bom é aquele que está morto! (1996), Nas Mãos de Deus: A História de Lilli Zwetsch Steffens (2005; 2010, 8ª. edição), Walter Orthmann: 70 anos de Trabalho na RenauxView (2008), Diários de Hollywood: Um Brasileiro no Planeta dos Macacos (2008), Duplo Girassol (2008), Quarto Crescente (2008), Palavra Tardia (2008), O Caso do Esqueleto Sem Cabeça (2008), Willy Hoffmann: Ambientalista por Vocação (2009), Histórias e Lendas da Cidade Schneeburg (2009), eleito pela Academia Catarinense de Letras o melhor livro de história do ano, e Arthur Schlösser e a Criação dos Jogos Abertos de Santa Catarina (2010).
Nesta entrevista exclusiva, Saulo Adami contou à Tribuna Regional sobre seu novo livro e os planos para os próximos lançamentos da S&T Editores. Deixou claro que não pretende parar tão cedo com a sua produção individual: “Quero escrever pelo menos mais 100 livros!”. Há vários deles prontos, aguardando lançamentos para 2011 e 2012.

TRIBUNA REGIONAL – De onde veio a inspiração para escrever seu 50º. livro?
SAULO ADAMI – Tudo começou em 2008 com uma visão. Eu vi a mão de um homem branco com um corte grande e profundo, e a mão de um homem negro passando sobre ela, fazendo com que daquele ferimento restasse apenas uma leve cicatriz. Este foi o ponto de partida para Kuranda, e eu falo sobre esta inspiração na abertura do livro. Tudo o que eu sabia era que uma grande história estava a caminho, e que ela, de certa forma, mudaria a minha vida.
TR – E realmente mudou?
SA – Mudou. Quem ler o livro, vai ver. Tudo o que vi, senti e experimentei durante a busca pelo Kuranda está neste livro. Palavra por palavra. Não foi apenas mais um personagem em minha vida. Ele se transformou em canal transmissor de energia, de experiências que vivi em outros tempos, em outras vidas, há algumas centenas de anos. Algumas das histórias que vivi naqueles tempos, estão narradas neste livro, outras foram contadas em livros que escrevi anteriormente; alguns deles ainda esperam pela oportunidade de publicação.

TR – Pode-se dizer que tudo neste livro é fruto de sua imaginação?
SA – Nem tudo. Esta história contém elementos de ficção e de pesquisa histórica, e também da minha observação. Trata ainda da história de um manuscrito encontrado no centenário casarão da família Lützen, no interior de Santa Catarina. Conta a trajetória do personagem que há 20 séculos transmite seus conhecimentos de geração para geração, conhecido como Kuranda.

TR – Qual é a sua motivação para escrever?
SA – O que eu busco nos livros que leio é uma boa história para ler ou contar. Assim tem sido desde o primeiro dos mais de 50 livros que escrevi e publiquei. Porque eu não escrevo sobre o que não acredito. Durante as pesquisas para Kuranda, encontrei respostas para algumas das perguntas que por décadas fiz a mim mesmo e às pessoas ao meu redor, sobre temas como vida após a morte, reencarnação, contatos com desencarnados e outros assuntos mantidos como tabu, por alguns interesses que as pessoas inteligentes sabem muito bem quais são. Escrever Kuranda exigiu mais do que inspiração, exigiu pesquisa.

TR – São poucos os escritores catarinenses que escreveram e publicaram tantos livros. É sinal de que teremos ainda muitos outros livros seus a caminho?
SA – Livros não faltam, não tenho planos de parar de escrever ou de editar. Tenho alguns livros em fase de revisão, são livros de literatura – contos, crônicas, romance e textos para teatro –, alguns deles que escrevi há vários anos. Livros de história, também, porque a S&T Editores é uma empresa que nasceu com forte vocação para publicar obras na área de história. Tanto é verdade que mais da metade dos livros que editamos trata de temas históricos.

TR – Poderia mencionar alguns títulos dos livros que estão por sair?
SA – Estará pronto em alguns dias um livro que conta a trajetória de Anselmo Boos, filho do personagem histórico abordado no livro Carlos Boos nunca soube dizer não! (2005). A chuva na cidade reúne crônicas publicadas nos jornais locais e regionais, nos meus tempos de colunista. Tenho o romance Vila da Luz e os contos Arco-Íris de Fogo e Cacimba, que são obras de ficção. Uma pequena série de livros com textos para teatro, vários deles inéditos, e outros livros que gostaria de publicar, tão logo seja possível. Mas, não vai demorar muito, não!

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