Celso Deucher
O professor Germano Morsch Steffen, atua na docência nas escolas Yvone Olinger Appel e na Georgina Ramos da Luz de Brusque. É um professor de matemática e de ante mão não teria nenhuma ligação com problemas referentes a meio ambiente e concernentes. No entanto, um de seus projetos vem chamando a atenção. Intitulado “Conhecimento Nascente = Conhecimento Crescente” o professor reuniu alunos dos dois educandários em um só projeto para mostrar que sua disciplina tem haver sim com o meio ambiente. Tendo como tema “a Matemática dos Projetos Ambientais: genealogia das possibilidades de aplicações dos conceitos matemáticos em projetos ambientais e a construção da cidadania”, Germano afirma que nestas escolas onde trabalha, foi onde teve contato com um projeto relacionado à criação de hortas para dar fim sustentável aos resíduos orgânicos oriundos da cozinha da escola.
“É um projeto admirável, pena que exime as autoridades competentes da responsabilidade que lhes cabe de proporcionar saneamento básico a população, pois é muito simples mandar a gurizada fazer marrecos com garrafas pet ou pedir para as donas de casa separarem o óleo vegetal usado para fazer sabão, pois reflete a facilidade das políticas assistencialistas dos sacolões, dos caminhões de brita que assolam a políticagem brusquense nos últimos anos”, relata ele.
O que reivindicaria o intrépido professor é um sistema de tratamento de esgoto e esse deve ser de acordo com a necessidade de cada comunidade. Mas este parece que ainda estamos longe de conseguir. Enquanto os direitos que o cidadão tem, lhes são negados pelo poder público, Germano Steffen afirma que algumas coisas a própria comunidade pode ir fazendo. Uma delas, ele próprio e seus alunos vem demonstrando na prática que é possível.
“O projeto Conhecimento Nascente = Conhecimento Crescente visa informar, sensibilizar e mobilizar a comunidade, através da argumentação científica dos alunos, na luta pelo sistema de tratamento de águas residenciais, tendo como base o projeto da Bunge “Bairro Sustentável”, em Gaspar onde o esgoto do bairro é convertido em adubo e biogás”, informa ele. “A informação é fundamentada em pesquisas bibliográficas referentes à legislação ambiental, formas de agressão ás nascentes e rios, formas de reaproveitamento de resíduos domésticos e reaproveitamento do esgoto doméstico, utilizando os conteúdos programáticos das propostas curriculares de Brusque e Santa Catarina”, diz.
Para colocar estas idéias em prática, Germano reuniu algumas turmas de alunos das duas escolas e programou uma série de ações de campo onde estes iriam fazer a chamada “pesquisa”. Em busca de ajuda técnica solicitou, junto à SAMAE, algumas análises de água e elaborou com os alunos um questionário para extrair, da comunidade, a maior quantidade de dados estatísticos possíveis e, dessa forma, obter os “números” necessários para abordar a matemática sem se esquivar dos conteúdos das propostas. “Os objetivos foram concluídos e toda parte de frações e porcentagens, da quinta série do ensino fundamental e toda parte de probabilidade e estatística, da terceira série do ensino médio, estão sendo trabalhados e com objetivos focados em ações cívicas na comunidade”, diz orgulhoso o professor.
Segundo ele, “mais que uma relação da matemática com a realidade, foi um momento que tivemos a oportunidade de perceber, na prática, uma construção crítica e realmente útil de conhecimentos agindo diretamente na comunidade fazendo com que os alunos percebam a importância da argumentação científica e da aplicabilidade da matemática”.
O projeto sugere a pesquisa em torno dos projetos ambientais objetivando a classificação de instrumentos e metodologias que possibilitem que os alunos construam seus conhecimentos participando ativamente da luta pelo direito a uma sociedade sustentável utilizando os conteúdos programáticos das propostas curriculares de Brusque e Santa Catarina. Em parte o professor baseia-se nas idéias de Foucault, para quem “o controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade bio-política. A medicina é uma estratégia bio-política”.
Segundo o projeto desenvolvido pelo professor Germano, os objetivos gerais são Capacitar o aluno a argumentar, cientificamente, sobre as relações humanas com o meio ambiente, a fim de informá-lo, tornando-o apto a informar a comunidade e agir diretamente onde a demanda requer a ação cívica, utilizando os conteúdos programáticos das propostas curriculares de Brusque e de Santa Catarina.
Especificamente os objetivos deste projeto são divididos em quatro grandes frentes. A primeira delas é analisar as relações de construção de conhecimentos científicos matemáticos, geradas a partir da utilização de aparatos tecnológicos, no processo de informação/sensibilização/ação ambiental, da comunidade da Rua Theodoro Albrescht, quanto às ações nocivas ao ribeirão São Pedro. O segundo visa identificar como as novas tecnologias na educação podem contribuir para os processos de informação/sensibilização/ação ambiental, através dos conceitos científicos matemáticos 5ª série do Ensino Fundamental da EEF Georgina Carvalho Ramos da Luz e na 3ª série do ensino médio da EEM Yvone Olinger Appel.
Em uma terceira grande frente o projeto visa classificar as tecnologias e metodologias que contribuam na formulação interdisciplinar e multidisciplinar de conceitos científicos matemáticos, que dimensionem a informação/sensibilização/mobilização ambiental nas 5ª série do Ensino Fundamental da EEF Georgina Carvalho Ramos da Luz e na 3ª série do ensino médio da EEM Yvone Olinger Appel. E por último, toda esta ação visa Informar, sensibilizar e mobilizar a comunidade utilizando ao máximo os conteúdos programáticos das propostas curriculares e as leis ambientais, na conquista do direito a um sistema de tratamento de esgoto, inexistente no município de Brusque, tendo como base o Bairro Sustentável (projeto da Bunge) no Município de Gaspar.
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