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A presença de afrodescendentes no hoje próspero município de Brusque, principal centro urbano do Vale do Itajaí Mirim, remonta mais de 240 anos, ou seja, cerca de 90 anos antes da chegada da colonização e fundação oficial da então “Colônia Itajahy”, datada de 4 de agosto de 1860. Pioneiramente investigamos a presença de afrodescendentes no futuro ambiente colonial do Vale do Itajaí Mirim e usamos como fio condutor a bela história da família Fortunato que chegou a região em 1855. Através da memória oral dos descendentes de João Francelino Fortunato, buscamos recompor os 156 anos, nos quais esta família tornou-se numerosa e numa forçada “diáspora” espalhou-se por todo o território catarinense.
Analisamos ainda a herança deixada pelos filhos de João Francelino, em especial Pedro Fortunato, que se tornou um dos maiores benzedores da região de Brusque e que deixou este dom para sua nora, que hoje ainda tem sua casa visitada por dezenas de pessoas diariamente em busca de curas para diversos males.
Para história oficial presença afrodescendente praticamente inexiste
O Brasil Meridional (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) é reconhecidamente a parte do território da América Portuguesa onde menos se recorreu ao uso do trabalho escravo. No entanto recentes pesquisas têm comprovado que apesar da historiografia oficial tentar minimizar ao máximo possível a presença de afrodescendentes nestes estados, ela foi muito maior e mais expressiva do que se imaginava à alguns anos atrás, inclusive no seio das áreas coloniais, criadas a partir da imigração em massa de diversos povos do continente europeu.
A historiografia de Brusque, desde os tempos coloniais, dedica minguadas linhas a presença de afrodescendentes em seu território e essa falta de registros deixou muitos pesquisadores da atualidade intrigados. Afinal, no período colonial não havia sequer uma família de afrodescendentes em Brusque? Tal indagação nos levou a ir além dos livros e publicações sobre a história de Brusque e do Vale do Itajaí Mirim em busca da chamada história alternativa.
Tendo como base a memória oral de antigos moradores nos embrenhamos pelo interior do município em busca de algum registro que comprovasse a nossa hipótese de que pelo uma família de origem africana estava fixada e vivia normalmente em Brusque na sua fase colonial (1860-1881): os Fortunato chegados em 1855.
Tínhamos também notícias, através do historiador José Bento Rosa da Silva de que além desta família havia centenas de registros de escravos em todo o território brusquense e depois de 1900 haviam diversas famílias negras residentes em Brusque.
No desenvolvimento destas pesquisas que realizamos autonomamente encontramos registros importantes que não só confirmaram as nossas hipóteses, mas abriram largamente um horizonte onde apareceram outras centenas de “lembranças” de famílias negras, muitas sem nome e sem registros em documentos oficiais. Assim, estas páginas pretendem dar visibilidade a presença destes afrodescendentes que a história oficial marginalizou.
Um casal de negros se refugia na futura Brusque
Corria a década de 1760 na província de Santa Catarina... Segundo dados do governo imperial viviam nesta época no estado uma população de 9.058 homens e mulheres e estima-se que pelo menos 30% deste contingente fosse de escravos africanos (na década de 1824, este índice era de 33%). Os escravos, em sua maioria estavam ocupados nos serviços domésticos e de comércio das vilas que eram centros de comerciais da época. São Francisco, Laguna e Desterro eram as principais vilas deste período. A outra parte dos escravos servia nas lides da roça e nas fazendas que começavam a ser ocupadas principalmente por latifundiários vicentistas.
Era comum neste período os escravos fugirem para lugares ermos objetivando não serem recapturados por seus senhores. Foi exatamente o que aconteceu com um casal de escravos africanos que “servia” na capital da província de Santa Catarina. Tinham como nome, Garcia e Maria e não se tem registro de quem eram seus donos. Certamente vítimas de maus tratos resolveram fugir no ano de 1769 para um lugar o mais longe possível de seus algozes, embrenhando-se mato adentro em busca da sua liberdade.
Pelo que se depreende é certo que foram dias de caminhada até chegar as margens do rio Itajaí Mirim, distante cerca de 150 quilômetros da capital. Em meio a mata virgem e a abundancia de caça, pesca e frutos, o casal passou a viver solitário nestas paragens. Não é de se duvidar que se encontraram com os habitantes indígenas desta região, os até então pacíficos índios Xoglengs. De alguma forma devem ter encontrado uma maneira de criar um pacto entre o casal e os índios, pois viveram 18 anos em paz nestas terras.
Essa paz só foi quebrada no ano de 1777 quando uma monumental esquadra espanhola invadiu a capital catarinense e tanto a população, como os soldados Del Rey debandaram em desordem embrenhando-se mato adentro em busca de salvar a própria pele. Alguns deles vieram parar no mesmo local onde residiam Garcia e Maria.
Ao que se sabe nenhum deles sobreviveu para contar a história, porém a prova de sua presença junto ao casal de negros foram suas roupas e armamentos, encontrados no rancho do casal, dez anos mais tarde.
Sobre este fato histórico, o historiador brusquense João Carlos Mosimann relata que “dos praças dos regimentos da ilha, boa parte fugira em direção ao interior da Capitania, nele deixando vestígios. Em 1787, dez anos depois da debandada, um daqueles alferes encarregados de desbravar o interior ingressou pelo rio Maruim, atravessou as cabeceiras do rio Tijucas, subiu e desceu serras até chegar à região que pela descrição seria a dos confins da atual Vidal Ramos”.
Ainda segundo Mosimann, no dia 12 de fevereiro, o alferes e sua equipe encontram uma trilha humana recente, imaginando tratar-se de um grande quilombo de negros fugidos. “Prosseguindo a marcha, depararam-se mais adiante com um preto de nome Garcia e uma negra de nome Maria, vivendo há dezoito anos ali nas margens do rio Itajaí-Mirim, alimentando-se de caça do mato e de pinhão. Com eles, uma grande quantidade de armas e de fardamento de soldados debandados da Ilha de Santa Catarina naquele 1777, além dos pertences do sargento Marcelino de Tal, que ali falecera”.
O mesmo fato foi narrado por Lucas Alexandre Boiteux quando de sua resenha tratando do Rio Itajaí Mirim e seus primeiros desbravadores, publicada por Saulo Adami e Tina Rosa no livro “Itajaí na visão dos Viajantes”. No relato Boiteux afirma que o dito comandante desta expedição era o Alferes de Cavalaria auxiliar de Desterro, Antônio José da Costa e que sua missão por estas bandas era “estabelecer uma comunicação desta Ilha [Desterro] com a Capitania de São Paulo por cima da Serra”.
No português da época, escreve o historiador que “tudo disposto, o despretencioso e intrépido catarineta, acompanhado de doze homens armados, 12 escravos e 7 bestas cargueiras, principiou sua derrota na freguezia de São José da Terra Firme no dia 11 de janeiro do sobredito ano. Seguiu de principio, o curso do rio Imaruí e, munido de um agulhão [bússola ou agulha de marear], passou a orientar-se em meio a impressionante selva selvaggia”. E continua: “Da derrota da viagem por êle realizada, ficamos, sabendo que, no dia 22 do mês em aprêço, deixando o rio Imaruí seguiu o rumo de oéste até o dia 3 de Fevereiro, em que arranchou na serra denominada dos Pinheiros. Prosseguiu no dia 4; deparou um grande ribeirão, que julgou ser cabeceira do rio Tijucas grande. Depois de marchar cerca de cinco quartos de légua perlongando-o, inflectiu para oéste ‘até meia légua distante do rio Itajahy-mirim, em cujo lugar me arranchei no dia 12 de Fevereiro, denominando-se então o lugar da Espera, tendo andado nestas marchas, para o rumo de oéste cinco léguas´ - anota o Alferes Costa no seu diário”.
Neste local, o Alferes encontrou “trilha de gente, que mostrava ser de um ou dois dias antes”. Explica Boitex que “receiando desagradável encontro com escravos fugidos [quilombolas], fez alto; e, resolveu, como medida de segurança, solicitar do Governador um refôrço de homens. No dia 26 era êle atendido com a chegada de 25 praças de tropa paga e de milicianos. Levantou acampamento no dia 27 com o propósito de examinar o seguimento da dita trilha, foi arranchar no rio Itajahy-mirim, fazendo meia légua de caminho”. Neste lugar, escreveu o desbravador em seu diário, que “achou estabelecido um preto por nome Garcia e uma preta por nome Maria, vivendo, aí fugitivos havia 18 anos sustentando-se a caças do mato, que apanhavam em mundéos e pinhão daquele que abunda este terreno”.
A prova de que outros “não indígenas”, além de Garcia e Maria, haviam habitado o local era de que o casal “conservava em seu poder vários armamentos e roupas dos soldados debandados da Ilha de Santa Catarina, quando, os hespanhóis a invadiram no ano de 1777, e alguma roupa do sargento Marcelino de Tal, do regimento do Rio de Janeiro, que ali faleceu, segundo a informação do dito preto, o qual remeti com a preta e tudo o mais ao Governador de Santa Catarina”.
Como se depreende da narrativa está suficientemente comprovada a presença deste primeiro grupo de afrodescendentes em terras brusquenses, inclusive com data e possível local da futura Colônia, onde se encontravam. Este casal de negros, provenientes de Desterro, teria chegado a Brusque por volta do ano de 1769, conforme a informação prestada por Garcia ao Alferes, dizendo que já residia neste local “havia 18 anos”.
Apesar de nossa persistência em encontrar alguma informação sobre o destino deste casal, depois de remetido para Desterro nada conseguimos. Há, no entanto, duas possibilidades ou hipóteses que levantamos: a de que foram entregues a seu antigo dono ou ainda, a de que passaram a pertencer ao “estoque de escravos Del Rey”.
Família Fortunato chega a Brusque em 1855
Depois do casal Garcia e Maria fixar residência por 18 anos em território que mais tarde pertenceria a Colônia Itajahy (Brusque), só vamos ter novas notícias sobre afrodescendentes na região cerca de 85 anos depois, quando afirmam os pesquisadores, os primeiros moradores destes sertões, mantinham um “reduzido número de escravos em seu poder”.
Entre os anos de 1850 e 1860 já viviam em Brusque diversas famílias, como já foi amplamente documentado pela historiografia oficial. Eram principalmente empreendimentos ligados a extração de madeira com engenhos de serra e a agricultura familiar, plantações e engenhos de farinha. Entre estes proprietários de empreendimentos estava Pedro José Werner (de alcunha Pedro Miúdo), patriarca de uma das maiores famílias da região de Brusque e que residia próximo de onde hoje se encontra a Praça Vicente Só (no início da Avenida Getulio Vargas).
Como se pode notar, havia diversos empreendimentos e até plantações nesta região, pois afinal, sabe-se que nem todos viviam da extração de madeira. É sabido que em boa parte dos casos, principalmente para a extração de madeira e nos engenhos de farinha e de serra, trabalhavam alguns “brasileiros”. Esta designação, tida em muitos casos como depreciativa, também nominava os negros (escravos ou livres) ou ainda “mulatos assalariados”. Também está suficientemente comprovado que Pedro Werner possuiu escravos, sendo que mais tarde, inclusive, um de seus descendentes, Antônio Pedro Werner, continuava negociando essas “peças” com luso-brasileiros.
Não encontramos, no entanto, registro de qualquer espécie, de que entre estes afrodescendentes haveria um ou mais cidadãos com o sobrenome Fortunato. Porém, vasculhando as memórias familiares dos remanescentes desta família, residentes ainda hoje principalmente em Brusque, Itajaí, Joinville e Lages, além das memórias de Clemente Podiatski, cujo pai conviveu com o patriarca da família, e do historiador Padre Helói Dorvalino Koch, nos é possível afirmar que os Fortunato teriam migrado da serra do Moura, “em lugar que pertencia a Brusque”, mas que outros afirmam fazia parte da então Freguesia de São Sebastião de Tijucas para a região da ainda não criada Colônia Brusque por volta de 1855.
Em busca de um nome, chegamos a João Francelino Fortunato, que ao longo das décadas seguintes formou numerosa descendência em Brusque. Deste africano, cujos pais são possivelmente provenientes de Angola, possuímos muitas informações orais, sendo que de seus filhos, conseguimos resgatar boa parte dos dados genealógicos, principalmente através da documentação em poder do Cartório de Registros de Documentos da família Schaefer.
Francelino Fortunato nasceu por volta de 1849, pois era um gurizote quando o Barão de Schneeburg chegou a Brusque trazendo os imigrantes alemães. Seu pai, que desconhecemos o nome, pode ter sido o tal “velho negro que seguiu com o Barão”, quando este foi tratar-se na corte e nunca mais voltou. Assim como do Barão, deste negro também nunca mais se teve notícias. Certamente ficou “na corte” e lá deve ter passado seus últimos dias. Alguns descendentes arriscam palpitar que o pai de João Francelino chamava-se “Tulo Fortunato”, outros de que chamava-se também “João Francelino Fortunato” e que o nome de seu patriarca teria sido “tirado” do nome do pai dele.
O que se sabe é que o “velho Fortunato” viuvou cedo e teve que dar conta de dois filhos que já possuía com a também afrodescendente Theodora Fortunato. Ela teria morrido após o parto do segundo filho, que também viveu apenas alguns anos, vindo a falecer após uma picada de cobra.
Em Brusque, João Francelino Fortunato cresceu junto ao pai, prestando serviços a Pedro Werner e sua família. Com esta família teria aprendido além dos trabalhos na roça, a falar o idioma alemão. Há registros também, que ele inclusive aprendeu mais tarde a falar o italiano e o polonês. Pelas informações orais que colhemos, João Francelino também foi durante algum tempo uma espécie de “guri de recados” do próprio Barão de Schneeburg em suas lides na direção da Colônia Brusque.
João Francelino Fortunato não era conhecido pelo seu nome e sim pelo apelido de “Lino Manco”. Contam seus familiares que ele teria tido um acidente com uma arvore que caiu sobre sua perna e ao colocar a “quebradura no lugar”, um médico “colou a perna menor e torta”. Quando cicatrizou ele teria passado a andar mancando, fato que gerou seu apelido.
Sobre ele, há muitas histórias, boa parte delas consideradas pelos próprios descendentes como “lendas” já que não existe comprovação dos fatos. Mas se não há documentos, há relatos e eles não são poucos, sobre a trajetória deste afrodescendente “em terras alemãs”. Suas histórias são repassadas de geração em geração pois fazem parte da longa trajetória da família no Vale do Itajaí Mirim.
“Ele não tinha tramela na língua quando era para contar as coisas feias que aconteciam nas famílias dos ricos de Brusque”
Uma destas histórias, ou mesmo lendas, tomamos conhecimento através de uma entrevista realizada com Clemente Podiatski e por um artigo escrito e publicado numa revista Alemã por um padre em 1908. Mais tarde, ficamos sabendo, que praticamente a mesma “história”, teria acontecido no Rio Grande do Sul. Assim mesmo decidimos publicá-la em respeito às memórias de nosso entrevistado e por que, o Padre Geraldo Ohlemüller viveu e exerceu seu sacerdócio em Brusque, de onde escreveu o referido artigo. Além disso, outros elementos constantes do artigo do padre, dão a entender que tal história teria acontecida com uma imigrante badense, grupo de alemães que se dirigiu para Guabiruba.
Antes, resgatamos da entrevista que realizamos com Clemente Podiatski, 87 anos, imigrante polonês, cujo pai, Leão Podiatski, era agricultor na região de Santa Luzia e que pelas suas memórias disse que conheceu pessoalmente João Francelino Fortunato e dele ouviu “muitas histórias”.
“Meu pai contava que todo mundo sabia de uma história que se passou aqui em Brusque com o preto Francelino, que eles chamavam de Lino Manco, pois ele tinha um problema numa perna que ela não fechava, era mais curta e por isso mancava quando andava. Eu não cheguei a conhecer ele, mas diz que era cheio das manias e gostava de falar com os outros em várias línguas. Se estava no meio dos polacos falava em polonês, no meio dos alemães, falava alemão, no meio dos talhano falava italiano. Todo mundo gostava dele por que diz que era um negro muito inteligente e que sabia contar a história de Brusque lá do começo. Sabia até os podres da turma que mandava na cidade e sempre tinha uma novidade para contar para os amigos de boteco”, conta Podiatski.
“Era um preto bem grande e o meu pai dizia que ele tinha uma família também grande e vivia numa pobreza de dar dó. Ele não bebia pinga cinco dias por semana, mas no sábado e no domingo virava a botija (...). Quando ele aparecia aqui na Santa Luzia a turma dava pouso prá ele ou tinha que levar prá casa, por que ele não conseguia ir andando. Por causa de bebida, esse preto ficou meio fora e chegou a ficar uns dias internados no hospício de Azambuja onde meu pai trabalhou e eu ia de vez enquanto lá passar a noite com eles. Mas eu não me lembro de ter conhecido esse preto, por que senão eu saberia de quem meu pai falava, pois preto é bem diferente da gente. É preto não é?”, indaga nosso entrevistado.
“Pois é, eu tinha uns onze anos quando ouvi isso e por isso eu não sei dizer muitos detalhes dessa história. Bem mais tarde eu conheci dois filhos dele, o Adão que foi embora para Camboriú [na verdade mudou-se para Itajaí]. Eu conheci duas filhas dele que eram uma negra muito alegre e bonita. O outro era um preto que benzia muito bem, ali na Ponta Russa e trabalhava na Malária. Esse ai era o Pedro. Era um baixinho quietão, mas muito gente boa e até me benzeu uma vez de picada de cobra e fez um implasto na minha perna”.
Clemente Podiatski confirma a informação prestada pela família (mesmo sem saber que já havíamos descoberto isso) de que João Francelino foi Guri de Recados do Barão. “O Lino, tinha até o olho preto e fumava um cachimbo de taquara. O que lembro do que meu pai contava desse preto [João Francelino], era que ele trabalhou de guri de recado do Barão que era dono destas terras todas de Brusque. Acho que ele era bem criança quando fazia isso. Diz que ele mesmo contava que isso era lá no começo quando isso aqui não era nada, tinha só mato. Diz que ele viajava prá lá e prá cá levado as ordens do Barão para o pessoal que estava chegando e indo abrir o mato prá fazer roça e casa”.
Nosso entrevistado conta ainda que Francelino era homem de sentar-se e contar histórias e que quando chegava a um determinado local, todos prestavam atenção nas suas palavras. Nem sempre o que Francelino contava era digno de se “levar como verdade”, por que ele “era craque” em inventar histórias engraçadas. Era um gozador da vida privada da classe dominante de Brusque na época. “Ele não tinha tramela na língua quando era para contar as coisas feias que aconteciam nas famílias dos ricos de Brusque”, diz Clemente. De um pé de galinha, ele fazia uma sopa e com muito bom humor tornava a história engraçada. Certamente era por isso que sempre juntava curiosos ao seu redor para ouvi-lo. Principalmente se era fim de semana e “rolava uma pinguinha”, a conversa alongava-se. “Mas isso eu acho que todo mundo bebia nesta época. Eu sou bem mais novo e me lembro que todo mundo bebia barbaridade”, diz Clemente. Segundo ele, baseado no que contava seu pai, “Lino vinha na Santa Luzia com um filho dele e participavam da missa e eram uma atração a parte. Diz que eram comunicativos com as crianças que olhavam assustadas prá eles por que nunca tinham visto um preto e pensavam que eles tinham se queimado no fogão”.
“O Lino era piá ainda quando aconteceu essa história que ele contou a meu pai e aos amigos de boteco. Diz que tinha chegado um barco ali no Rio [Itajaí Mirim], cheio de família alemã. O patrão dele [o Barão de Schneeburg] tinha mandado ir lá ajudar a descarregar o pessoal e as malas. Foi nessa que ele viu uma dona que queria descer e estava com medo de cair. Vendo isso o Lino foi lá e deu o braço para ajudar ela. A mulher diz que olhou para ele e fez cara de nojo e se negou a segurar na sua mão. Ele tinha falado em alemão para ela se segurar nele, o que deixou a Dona confusa, afinal das contas como podia um preto falar alemão. Ela conseguiu descer sem ajuda dele, mas o marido aceitou que o preto ajudasse a levar as malas até um rancho que tinha para eles dormir. Só que logo depois que começaram a andar prá esse lugar, a Alemoa encasquetou com ele e perguntou como é que ele tinha ficado tão preto assim. Diz que o Lino, que era um piá esperto barbaridade se sentiu esquisito com a pergunta. Mas como era um gozador viu naquilo uma chance de dar o troco na Alemoa. Meu pai disse que ele respondeu em alemão puro, assim: ‘Olha dona, quando eu vim da Alemanha eu era branquinho como a senhora. Faz um tempinho que estou aqui nesse lugar e fiquei assim dessa cor por causa do sol’. Para deixar ela mais doida ainda, disse que ‘isso acontecia com todo mundo que vinha da Alemanha prá cá”. Diz que a Alemoa ficou preocupadíssima e queria por toda lei voltar embora, pois não queria pretejar como o Lino”.
Esta história tem tudo em comum com a que se encontra no artigo escrito pelo padre Dehoneano, Geraldo Ohlemüller, alemão de nascimento e que chegou a Brusque no dia 22 de julho de 1907. Depois de cerca de um ano nesta Colônia e de conviver com a população local, ele escreveu um artigo para a revista “Das Reich des Herzens Jesu”, onde abordou “um pouco sobre os nossos negros brasileiros”. Neste artigo, contou a história que ouviu da própria boca de uma “honrada camponesa de Baden”.
Para ambientar o leitor em relação ao pensamento reinante na década de 1900, antes de entrar propriamente na história que possivelmente teria se passado com João Francelino Fortunato, citamos as considerações (diga-se de passagem, algumas bastante questionáveis) que o Dehoniano fez sobre os negros brasileiros, em especial os que habitavam as áreas coloniais.
“Nos centros coloniais alemães os negros são pouco representados. Isso se deve, em parte, ao fato de que os colonos alemães só tinham escravos em casos muito raros. Além disso, o costume alemão, menos que o romano, não consegue familiarizar-se com o africano. Os mulatos, isto é, os descendentes de casal preto-branco, tiveram origem, em sua maioria, da miscigenação da raça romana com sangue negro. Não obstante, encontra-se de vez em quando uma família afro-alemã. Os gostos simplesmente são diferentes e, às vezes, estranhos. Os filhos de um casal assim, que tem as cores fundamentais prussianas, o preto-branco, pare-cem, pelas observações que se pode fazer aqui, puxar mais pela cor branca. Outros afirmam que os primeiros filhos de um casal assim seriam mais claros e os nascidos mais tarde, mais escuros. Custa-me acreditar que seja possível estabelecer uma conseqüente lei da natureza. A natureza ama simplesmente a diversidade”, afirma o Padre Ohlemüller.
É neste mesmo artigo que o Padre Ohlemüller conta a história do tal “negrinho atrevido” que sabia muito bem falar o alemão tão bem como se na Alemanha tivesse nascido e residido. Ressaltamos que os Fortunato por nós entrevistados acreditam que tal história “pode” ter se passado com seu ancestral João Francelino, pois seu filho Adão comentava, que o pai dizia que “nunca esquecia da dona branquela que perguntou por que ele era tão preto assim”.
Mas veja-se como há semelhanças entre a versão do padre e a contada por Clemente Podiatski.
“Referente a isso, contam-se aqui nas regiões coloniais algumas divertidas histórias, cujos heróis ainda vivem. A primeira aconteceu com uma honrada camponesa de Baden. Quando ela, depois de uma longa e penosa viagem chegou finalmente bem aqui, quis dirigir-se com seu ma¬rido para o lote colonial que lhe fora indicado. Este se localizava na mata, num lugar bastante desconhecido. Para conduzi-los até lá, o diretor da colônia destacou um autêntico jovem negro de quinze anos. Com espan¬to, a suábia observou o estranho rapaz. Falava alemão-suábio, quase como eles mesmos e, no entanto, era um negro em pessoa! Num dado momento, pelo caminho, ela lhe perguntou: `Como você ficou tão preto assim?´ Essa pergunta ingênua intrigou o rapaz e, não deixando por menos, res¬pondeu imediatamente: `Ah, minha senhora! Quando vocês estiverem aqui no Brasil tanto tempo quanto eu, vocês estarão pretos, e mais pretos que eu!´ - `Senhor Jesus, isso não pode ser verdade!´ retrucou as¬sustada a mulher. `Não! Se assim for, então eu quero voltar imediata¬mente para minha terra natal´. Só a muito custo o marido conseguiu acalmá-la e convencê-la a fazer uma vez essa experiência de vida em terra estranha. Sempre haveria tempo de `voltar para casa´. A bondosa mulher fez a experiência e vive ainda hoje no Brasil. Seu rosto, na verdade, ficou mais rosado por causa da idade e das preocupações da vida, mas preta, como lhe havia profetizado o negrinho, ela não ficou.
No fim das contas, João Francelino Fortunato vivia “bem de saúde” em Brusque em 1907/1908, segundo seus familiares, assim como certamente a mulher referida pelo padre Geraldo. Mas teria esta história realmente acontecido em Brusque e seu ator principal seria mesmo Francelino?
Sob o título “O Sol dos Trópicos e o Negro Farroupilha” recebemos pela mão de nosso colega historiador paranaense Carlos Zatti no dia 4 de junho de 2010 o artigo de autoria de Jayme Copstein. Nele o autor registra uma história que se passou em 1850 e que fora publicada pelo Jornal “Gazeta da Tarde”, de 18 de junho de 1888 e transcrita pelo “Almanak do Rio Grande do Sul”, de Alfredo Ferreira Rodrigues, edição de 1900.
Poderia tal história ser uma daquelas “invencionices” de Lino manco para fazer piada com os colegas de Boteco? Mas como ele teria tido contato com esta história acontecida no Rio Grande do Sul? Quem poderia ter lhe trazido o Jornal ou lhe contado como se passou, já que em praticamente tudo se assemelha? São interrogações que infelizmente não conseguimos respostas adequadas, a não ser hipóteses pouco fundamentadas e “certezas” de que João Francelino era bem capaz de ter realmente vivido esta história nos seus mínimos detalhes.
Casamento com Uruguaia e a formação de uma grande família
Com cerca de 35 anos, por volta de 1884, João Francelino Fortunato resolveu começar a sair para fora de Brusque objetivando encontrar uma companheira. Segundo seus familiares, nesta época os bailes para negros só aconteciam na região de Itajaí, Camboriú, Porto Belo ou ainda em Barra Velha, conhecido reduto de afrodescendentes. “Em Brusque nessa época um negro não podia entrar num baile nem pra servir bebida”, diz Érico Fortunato, 77 anos, neto de João Francelino. Para arranjar uma namorada eles tinham que “andar muito chão”. Por este motivo, Francelino era um assíduo freqüentador dos fandangos de Itajaí, maior centro afrodescendente da região. E foi em Itajaí que ele acabou encontrando a mulher da sua vida, Maria Ramona dos Santos, possivelmente no início do ano de 1885.
“A minha avó era uruguaia. Viajou, ela e a mãe dela de lá. Ela era uma índia que nasceu no Uruguai e que tinha vindo de navio até Itajaí. Como os dois se conheceram a gente não sabe, mas dizem que ela era uma índia muito bonita e que meu avô logo se apaixonou por ela e ao cabo de pouco tempo se juntaram, sendo que a mãe dela veio junto para cá [Brusque]”, conta Érico.
O casal passou a residir na região do Moura “na parte que pertencia a Brusque”. Trabalhando na agricultura de subsistência, a família Fortunato ao mesmo tempo que tinha a terra para cultivar, não recebia as mesmas condições que os “colonos oficiais”. Mais tarde, não se sabe por que motivo, João Francelino teria vendido aquelas terras da família e com o dinheiro, conseguiu comprar um lote colonial na região de Nova Itália, onde continuou dedicando-se a agricultura de subsistência. No novo terreno havia apenas uma pequena “taperinha” onde ele mantinha uns poucos pertences. Mas a terra era melhor que no outro lote e de certa forma conseguiu melhorar a sua renda.
A quatro mãos a propriedade prosperou e os dois conseguiram fazer uma casinha melhor do que a que havia no local. Não demorou muito, começaram a chegar os filhos. Ao todo foram sete: José, Caetana, Adão, Alípio, Osório, Pedro e Joana.
Tantos filhos para sustentar e vindos praticamente um atrás do outro, criou uma situação difícil para o casal. Para piorar, os excedentes da produção na lavoura mal davam para suprir a família de sal, café, açúcar e uma ou outra coisinha que conseguiam adquirir vendendo um pouco de milho ou feijão que sobrava do consumo da casa. O que salvava era uma vaca de leite e algumas galinhas, patos e porcos que criavam ao redor de casa.
Logo que começavam a crescer os filhos já ia para o cabo da enxada. Mas isso, nos idos de 1900 pouco adiantava, pois uma grave crise na agricultura de Brusque teria feito com que a miséria viesse bater não só na porta dos Fortunato, mas de todos os pequenos agricultores da região. Com isso, acabou acontecendo com a família de João Francelino e Maria Ramona uma espécie de “diáspora” forçada, pois os filhos começaram a se espalhar pela região. Alguns deles foram “dados para criar” a famílias mais abastadas, praticamente em troca de sustento. “Imagine a triste situação para um pai e uma mãe que tem que chegar ao ponto de entregar os filhos para os outros criarem por temerem o pior”, avalia Érico.
Francelino faleceu em 1926 com 77 anos de idade. A esposa Maria Ramona viveu mais alguns anos, vindo a falecer na década de 1930, em data desconhecida pelos familiares. O casal deixou em Brusque e região uma grande descendência. Abaixo resgatamos o que foi possível de cada dos seus sete filhos.
O maior benzedor da região
Dos filhos de João Francelino e Maria Ramona um dos poucos que acabaram residindo em Brusque até seus últimos dias foi Pedro Fortunato. Ele nasceu em 15 de janeiro de 1904 no bairro Nova Itália. Em 1913, com apenas nove anos de idade, passou a trabalhar na casa da família de Carlos Pavesi, então residente no bairro Ponta Russa. Descendentes de italianos, os Pavesi eram tidos como uma família de muitas posses na região, proprietário da maior parte dos terrenos na localidade e tinha roça e engenho de farinha.
Pedro Fortunato, segundo seus descendentes, ficou na casa destes Pavesi como filho e os considerava seus pais adotivos. “Ele era o filho preto da família Pavesi. Tanto que a gente considerava esses pais adotivos dele como nossos avós”, conta o filho Érico Fortunato. Pedro casou-se aos 28 anos, em 1932, com Ana Maria Bertolini. Nos anais da história brusquense este casamento certamente foi o primeiro entre um legitimo afrodescendente e uma descendente de italianos. “Isso ficou na história. O casamento do meu sogro com a minha sogra foi uma novela. É que ele era bem preto e ela era até cor de rosa, como diz o Érico. Como que ela foi querer um preto o pessoal não entendia. Os pais dela não aceitavam casar com preto. Diz que os pais dela tocavam ele embora da casa deles. Para se encontrar, ela fugia de casa e eles se encontravam escondido debaixo das arvores, no meio do mato. Por que os pais não queriam, eles bolaram de se casar encima da hora e foram, casaram e pronto. Quando a turma se deu conta eles já estavam casados. Era os dois que queriam, o resto ficava falando mal do fato de uma guria branca casar com um preto. Depois, o pessoal aceitou, por que não tinha outro jeito. A turma era bem racista nessa época”, conta Olga Sbardelatti Fortunato, nora de Pedro e esposa de Érico.
Ao se casar, Pedro passou a trabalhar no terreno da família da esposa e dedicou-se a lavoura. Algum tempo depois foi contratado como servente na Fábrica Renaux. “Acho que o meu pai foi o primeiro negro a ser contratado pela Renaux”, diz Érico Fortunato. De acordo com ele, “aquelas valas ali perto da fábrica da 1º de Maio foi ele que abriu no braço. Claro, não foi sozinho, tinha mais três pessoas com ele, mas foi ele que abriu no muqui aquilo ali”.
Ainda segundo Érico, para a construção de boa parte da fábrica Renaux desta mesma Rua 1º de Maio, na época o próprio Carlos Renaux o contratou. “Por que meu pai era um homem disposto e enfrentava qualquer serviço, o Dr. Érico e o Calinho Renaux, chamaram ele e o contrataram para carregar aquele traço e aquelas vigas para erguer a fábrica”, afirma Érico.
“Depois ele saiu dali e foi trabalhar na Malária. Esse trabalho era derrubar aqueles matos ali na 1º de Maio e na Rua Nova Trento, pois aquela região era tudo mato fechado e tinha que ser derrubado por causa da tal da Malária. Lá no Maluche também era quase tudo mato que ele ajudou a derrubar. Dentro desses matos tinha muito mosquito da Malária e por isso tinha que derrubar. Depois onde derrubava o mato ele plantava aquelas mudas de Eucalipto e de outras àrvores que eles produziam num canteiro que tinha na Avenida Otto Renaux. Esse canteiro ficava ali na frente onde está hoje o Malossi”, relembra Érico.
Neste emprego, Pedro Fortunato dedicou praticamente todo o restante da sua vida. Pedro Fortunato faleceu aos 90 anos de idade, em 19 de dezembro de 1996. Em janeiro ele faria 91 anos. Sua esposa Ana Maria faleceu aos 74 anos de idade, em 30 de abril de 1979. O casal deixou apenas dois filhos, Érico e Lucia Fortunato.
“O benzimento de um preto tem muito mais força” diz Érico Fortunato ao relembrar de seu pai, Pedro Fortunato que foi um dos maiores benzedores da região de Brusque. “Meu pai era um homem muito correto e ajudava demais as pessoas. Ele era um benzedor muito procurado por tudo mundo aqui da região. A nossa casa vivia sempre cheia de gente para se benzer. Curou gente que nem os médicos curavam. Agora ele deixou esse dom para a minha mulher”, esclarece ele.
E exemplifica: “O camarada trouxe uma moça aqui em casa, toda enleada num lençol. Estava muito mal. Foram desenrolando ela daquele lençol e ela nem cabelo tinha mais. Ai eu fui na cozinha e o meu pai disse: Eu vou curar essa moça. Eu disse prá minha mulher: cura o que, pois a moça ta com a cabeça toda podre. O pus pulava assim prá cima. Pois não é que ele benzeu ela e acaba de três meses depois a moça veio aqui de novo e tava curada. Algum tempo depois a gente viu essa mesma moça e ela tinha o cabelo até nas costas. Ele curou muita gente com aquelas benzeduras que ele fazia. Eu fui mordido de cobra duas vezes e nem precisei ir no médico. Me curei com os benzimentos dele. Que tipo de benzimentos ele fazia, ele não dizia para nós. Ele tinha um dia em especial, 25 de janeiro, dia de São Paulo, que era a devoção dele. Nesse dia ele não benzia. Ele era católico e então neste dia 25 ele ia na missa na matriz e lá ele encomendava uma missa. Não importava como tivesse o tempo, com chuva, com pedra, não importava. Ele tinha que ir. E ele não podia dizer nem a reza para nós, senão perdia o valor. Tinha dia que vinha, 50, 60 e até 80 pessoas por dia para ele benzer aqui em casa. Não importava o cansaço que ele estava, atendia até o último que chegava”.
A esposa de Érico, Olga Fortunato, herdou do sogro o dom da benzeduras. Segundo ela, quando Pedro no fim da sua vida continuava benzendo, mas tinha dias que suas forças lhe faltavam. “As vezes de tão fraco que ele ficava, chegava a cair”, diz Olga. “Daí ele se encostava, não podia mais nem falar direito. “Falava tudo atrapalhado”. Pedro benzeu por 46 anos ininterruptos e sua fama correu mundo. “Ele já benzia quando morava lá encima [bairro Nova Itália]. Um dia ele disse que não dava mais e que queria passar esse dom prá minha esposa. A minha esposa curou gente barbaridade, mas o meu pai tinha mais força ainda no benzimento. O preto tem força no benzimento”, diz Érico.
“Dois meses antes de morrer, quando ele já não agüentava mais e estava muito doente, ele me chamou e ofereceu o dom que ele tinha de benzer. Na hora eu disse que eu não queria, por que nossa, era muito trabalho. Então eu disse que eu não precisava disso. Então ele me respondeu que era para mim pensar melhor, por que eu ia precisar disso. Ele gostava muito de mim e nunca chamava os filhos para ajudar no que ele precisava. Sempre era eu prá tudo. Mais tarde eu disse pra ele que aceitava começar a benzer. Então, nesse dia ele estava sentado e eu em pé. Ele se levantou, botou as mãos na minha cabeça e disse: abençoado seja o nome de Jesus e de Maria. Nossa, parecia que ele tinha me derrubado uma caneca de água na minha cabeça. Depois ele sentou-se novamente e me disse, agora graças a Deus eu to livre. Foi nesse dia que ele passou o dom dele para mim”, relembra Laura.
Quando Pedro faleceu, em 1996, Olga já tinha começado a benzer e aos poucos toda a comunidade passou a reconhecer nela, os dons de seu sogro, pois “muita gente se curou com os benzimentos que ela aprendeu com meu pai”, diz Érico. “Ela benze de tudo. Tudo mesmo. A pessoa tem triza que o médico não cura, mordida de cobra, cobreiro, febre do estomago, aquelas feridinha que as crianças pequenas têm, aquela arca caída que também dá nas crianças, isso tudo ela cura com benzimento. E cura mesmo, basta que a pessoa tenha fé. Quando alguém perde alguma coisa, vem aqui e ela reza responso e logo as coisas aparecem”, conta Érico.
[Artigo publicado no Jornal Em Foco, edição de 6 de dezembro de 2011. Páginas 8 a 11]
[Artigo publicado no Jornal Em Foco, edição de 6 de dezembro de 2011. Páginas 8 a 11]
De onde vieram os primeiros colonizadores de sobrenome PAVESI? Onde se estabeleceram? Luigi pavesi, Natal Pavesi e tantos outros.
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