A Lei Provincial nº 693 criou a Freguesia (Paróquia) em 31 de julho do ano da graça do Senhor de 1873, na festa de Santo Iñigo López de Oñaz y Loyola, mais conhecido no Brasil como Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, congregação a qual São Luís Gonzaga integrou até ser vitimado precocemente em função de sua dedicação aos atingidos pela peste, na noite de 20 para 21 de junho do ano de 1591, em Roma.
Por Paulo Vendelino Kons - Historiador*
Desde a chegada dos imigrantes pioneiros, que em 4 de agosto de 1860 instalaram o núcleo colonial Itajahy (Brusque), o diretor da Colônia, Barão austríaco Maximilian von Schneéburg, reivindicava junto ao governo provincial um sacerdote católico. Em 9 de junho de 1861 a colonia Itajahy (Brusque) recebeu a primeira visita eclesiástica. Proveniente da freguesia (paróquia) São Pedro Apóstolo de Gaspar, Padre Francisco Maximiliano Alberto Gattone permaneceu sete dias com os colonos.
Em 1.862, Schneéburg oficia ao presidente da Província de Santa Catarina, Padre Dr. Vicente Pires da Mota, reivindicando a criação da Freguesia. Até aquele ano, quatro capelas foram instaladas no núcleo colonial, sendo que três já haviam sido abençoadas pelo Padre Gattone. A primeira delas foi a igrejinha construída em fins de 1861, dedicada à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - "Maria Hilfskapelle"- na Guabiruba Norte.
O início da Igreja Matriz
Na sede da Colônia, as funções religiosas eram realizadas, inicialmente, num galpão que abrigava imigrantes e, posteriormente, numa frágil capelinha.
Após infrutífera espera, Pedro José Werner e Pedro Jacob Heil, em 21 de maio de 1864, solicitaram a administração da Colônia permissão para construírem - com recursos próprios e de outros fiéis - uma igreja na sede, sob a invocação de Nossa Senhora do Socorro, "por ser esta a padroeira escolhida pelos colonos", conforme atesta o Barão von Schneéburg em documento remetido ao presidente da Província. Medindo aproximadamente oito metros de largura por 15 de comprimento, o templo contava com 28 bancos, um confessionário, o altar mor envernizado e um sino de sete arrobas.
Festiva e solenemente abençoada nos dias 17 e 18 de novembro de 1866, pelo Padre Gattone, a igreja localizava-se onde atualmente encontra-se a imponente Matriz São Luís Gonzaga.
O referido sino foi doado ao Museu Arquidiocesano Dom Joaquim, em Azambuja, e é conhecido por "Ana Suzana".
Em 16 de abril de 1.867, através da Portaria Imperial, foi criada a Capelania, sendo o padre Alberto Gattone transferido para a Colônia.
A freguesia de São Luiz Gonzaga, reivindicada por Schneéburg desde 1862, foi criada em 31 de julho de 1873, através da Lei Provincial nº 693.
Engenheiro civil graduado pela Universidade do Brasil, o Dr. Luís Betim Pais Leme constitui-se no mais profícuo administrador das Colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro – formadoras da Freguesia de São Luís Gonzaga. Paes Leme foi diretor da Colônia de 1º de janeiro de 1872 a 1º de dezembro de 1875. Além da conclusão da ligação rodoviária com o porto de Itajaí, na sua gestão foi construída a Casa da Diretoria e deu início a construção da Igreja Matriz.
Com pedra fundamental lançada a 21 de junho de 1874, "o mais belo templo da Província de Santa Catarina", segundo o Presidente da Província, foi solenemente abençoado em 1877, pelo padre Gattone. O gótico templo foi demolido somente em 1953.
O Município de São Luiz Gonzaga
O vasto território dos atuais municípios de Nova Trento, Botuverá, Guabiruba e Brusque integravam a freguesia de São Luiz Gonzaga. Padre Antônio Eising, que atuou em Brusque nos anos de 1892 a 1904, informa que a escolha de São Luís para Padroeiro, deveu-se, em parte, a uma homenagem que Padre Gattone e a comunidade católica quis prestar ao diretor das colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro, Dr. Luís Betim Paes Leme.
Além de Padroeiro, o protetor mundial dos jovens, vitimado precocemente em função de sua dedicação aos atingidos pela peste, no ano de 1591, em Roma, São Luís Gonzaga também deu origem à primeira denominação de nosso Município, quando criado a 23 de março de 1881 através da Lei Provincial Nº 920. A instalação do novo Município deu-se somente em 8 de julho de 1883, com a posse dos primeiros vereadores, que administravam os municípios no período imperial.
No ano de sua instalação, o Município contava com oito escravos e população estimada em 8 mil habitantes. A vila São Luiz (hoje cidade de Brusque) possuía três escolas primárias, sendo duas públicas – uma do sexo feminino e outra do sexo masculino – e uma mista, da comunidade evangélica luterana. Em todo o vasto território, oito escolas eram mantidas pelos pais dos alunos.
As práticas agrícolas consistiam basicamente no cultivo do milho, feijão, arroz, cana-de-açúcar, fumo e batata. Eram produzidos vinhos de uva e laranja. A banana, a lima, e a melancia eram cultivadas. Abundavam peixes no rio e ribeirões, os quais supriam as famílias com carnes, ao lado da produção de aves domésticas e suínos. A economia encontrava-se alicerçada nos engenhos de açúcar, de farinha de mandioca e de serrar madeira. Além das destilarias de aguardente, das atafonas, das fábricas de charutos, das olarias e das fábricas de cerveja.
A participação dos comerciantes locais, denominados vendeiros, era relevante na economia. Exportavam madeira serrada, açúcar, farinha de mandioca, fumo em folha e charutos. A aguardente, o arroz, a manteiga e a banha também integravam o rol das exportações. Importávamos ferragens, panos, vidros, louças, cimento, sal e outros utensílios de uso doméstico e de recreio.
As receitas do Município aproximavam-se de 3 contos e 600 mil réis, provenientes dos tributos cobrados da população local e outras fontes. Os maiores impostos incidiam sobre a propriedade de carruagem e de lancha para navegar o rio Itajaí-Mirim, fixados em 15 mil réis.
A denominação São Luiz Gonzaga foi alterada para Brusque em 17 de janeiro de 1890.
Paróquia São Luís marca a história de Brusque
A primeira Visita Pastoral, realizada por Dom José Camargo de Barros, Bispo de Curitiba, ocorreu em 25 de agosto de 1895.
Em 1904, os Padres do Sagrado Coração de Jesus assumiram a Paróquia. A 1º de setembro de 1905, Dom Duarte Leopoldo e Silva separou da Paróquia, o Santuário de Azambuja, que permaneceu como curato.
Primeiro Bispo de Florianópolis, Dom João Becker realizou sua Visita Pastoral a Brusque de 22 a 27 de maio de 1909. Durante sua Visita, Dom João inaugurou o Colégio Paroquial, posteriormente Santa Antônio. Hoje São Luiz.
Em 31 de julho de 1912, através de Decreto Episcopal, foi desmembrado de Brusque a Paróquia de Porto Franco, atualmente Botuverá.
Provenientes da Alemanha, são instalados quatro grandes sinos, na Matriz de Brusque, em 1930.
Em 23 de abril de 1953, após a transladação da imagem de São Luís Gonzaga para a Casa São José, previamente preparada para funcionar como Igreja Matriz, foi dado início a demolição do templo utilizado para o culto divino durante mais de sete décadas. Em 25 de abril de 1955 foi procedida a benção da pedra fundamental da nova Matriz, projeto arquitetônico do arquiteto alemão Gottfried Boehm. As Missas passaram a ser celebradas novo templo, totalmente construído de blocos irregulares de granito, possuindo 16 colunas a sustentar a abóboda de 26,40 metros e um imponente pórtico, que abriga os sinos, no ano de 1962.
Além de Azambuja (que em 1º de setembro de 1905 o Bispo Diocesano de Curitiba, Dom Duarte Leopoldo e Silva, elevou à dignidade de Santuário Episcopal e Paróquia em Criada em 07 de Março de 2009) e da Paróquia São José, de Botuverá, foram desmembradas de São Luís Gonzaga as paróquias Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (19 de março de 1963), município de Guabiruba; Santa Catarina (16 de fevereiro de 1969), localidade de Cedro, hoje Dom Joaquim; Santa Teresinha (13 de janeiro de 1974), localizada no bairro que recebe a mesma denominação; e São Judas Tadeu (02 de janeiro de 2005), com sede no bairro de Águas Claras.
* O autor é assessor cultural do Instituto Aldo Krieger – IAK
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