Por Walter de Oliveira
Quando aqui cheguei, em 1974, vindo de uma metrópole cosmopolitana, onde vivem pessoas de todas as partes do mundo, não pude deixar de sentir um encantamento pelas diferenças entre São Paulo e Santa Catarina.
Diferenças geográficas, sociais, climáticas, uma cidade inteiramente voltada aos valores familiares, religiosos e morais.
Hospitaleiras por excelência, as famílias de nossa cidade, parentes e amigos, proporcionaram-nos uma acolhida, ciceroneando as melhores apresentações sobre a cidade que a partir daquela data, passaria a ser nosso novo domicilio. Já havia comprado uma casa no Jardim Maluche, um novo loteamento com amplas avenidas e ruas largas e que viria a ser talvez, num futuro próximo uma das áreas mais elitizadas de Brusque, embora sem qualquer infraestrutura na época!
Com muita saudade, lembro das peculiaridades do município de Brusque, sua absoluta tranquilidade, casas com sótão, quintais com pequenas àrvores frutíferas e indefectível galinheiro que abastecia regiamente os almoços dominicais, as mesas lideradas pelo talento das vovós e o patriarcalismo da respeitável figura do vovô!
Na década de setenta, creio que Brusque teria no máximo sessenta mil habitantes. Na rua Luis Campi havia apenas três casas, uma das quais a nossa. No natal recebíamos à noite, grupos de cantores em bloco, que de casa em casa cantando musicas natalinas iam recebendo alguns trocados que jubilosamente, alegria e contentamento dividiam entre si.
São encantos que desapareceram das festas natalinas, assim como pequenos presentes artesanais eram recebidos pelas crianças e conservados ao longo dos anos com carinho.
A industrialização e a moderna tecnologia transformaram os brinquedos automatizados em atração momentânea e de imediata saturação e o fator didático desapareceu.
Brusque era realmente uma grande família, todas as pessoas se cumprimentavam e eram extremamente simpáticas umas com as outras.
A segurança nas casas era total, muitas vezes esquecia-se inclusive de trancar a porta principalmente de entrada. Vez por outra acontecia um enforcamento, (suicídio) ou um crime de origem passional. Mas acontecimentos deste jaez, eram muito raros. Hoje, Brusque com uma população próxima de 110 mil habitantes, as pessoas não tem mais o hábito, (a nova geração, principalmente) da qualidade do que é urbano, polidez, civilidade e cortesia.
Saturado de veículos, a cidade não acomoda pela infraestrutura existente, a má educação de muitos motoristas no respeito as regras do transito.
Não há engenharia de Transito que consiga romper o caos, a indisciplina, não obstante a existência de leis, regras e os esforços do poder público. O contingente militar e civil é insuficiente para conter a escalada do crime.
Os assaltos, invasões de casas, o aumento de BOs a cada semana aumenta assustadoramente para a intranquilidade de nossas famílias. Casas antigas, amplas e confortáveis estão sendo vendidas por conta do momento calamitoso de insegurança, enquanto isso a especulação imobiliária, vai ocupando estes espaços com a construção de mini apartamentos, criando um novo relacionamento condominial, as vezes problemáticos! A favelização entra num processo de evolução à medida e que recebemos cada vez mais um numero elevado de imigrantes de outros estados; lojas e residências são alugadas indistintamente, para grupos de pessoas de ambos os sexos em bairros da periferia.
O pretérito, o passado que o sopro do tempo levou, deixa-nos a lembrança de que a Brusque de apenas três décadas atrás, diante do que vivemos nos tempos atuais, foi somente um devaneio, um sonho que desvaneceu rompido pela globalização de relacionamento frio e mecânico entre as novas gerações.
Ficamos entre o governo que ainda não explicou a que veio, e o seu ministério caudatário e subjudice, vai deixar de emanar exemplos nada edificantes à sociedade.
[Publicado no Jornal EM FOCO de 07/02/2012]
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Sábias e verdadeiras palavras, deste que considero o mais culto cidadão Brusquense...
ResponderExcluirMeu amigo me ajude.Em 1976, estive em Brusque na casa de uma Senhora chamada Nadir, que creio trabalhava no cartório de Brusque.Fui com seu filho João Carlos que conheci em São Paulo na pensão que morávamos na Rua Abolição.Aí, tive a chance de conhecer seus irmão Ivã e acho que Wellington, que tocavam num conjunto.Conheci Britinho que jogava no Paissandú de Brusque, com quem inclusive há mais de 10 anos consegui enviar mensagem para seu email, e ele me disse que não os tinha mais visto e deu a questão por encerrada.Apelei até para um jornal daí que pôs uma mensagem e nada consegui de resposta.Deparo-me agora com um site histórico que deve conhecer pessoas do passado.Por favor me diga algo, pois eu não os esqueço jamais.Eles me chamavam de Ceará, minha terra, pois resido em Fortaleza.
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